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Traduções

Segunda-feira, Julho 2nd, 2007

Há uma onda de traduções (para português) de obras «obrigatórias».

Quando se compra um livro que já se leu (mesmo que seja por estar traduzido para outra lingua), fica-se com a impressão de que se está adquirir só meio livro. Como se, já tendo as ideias, comprássemos novas ilustrações das mesmas.

A Antígona tem muitos novos meios livros. (Comprei a «História das Utopias» do Mumford.)

Outro grande filão de meios livros, (para muitos de será um filão de livros inteiros) é a publicação pela Relógio de Água das obras do Slavoj Zizek. (Não consigo por chapéus nos Zs).

Mas antes, e inteiramente grátis, pode-se assistir a palestras do esloveno no Youtube. Qual delas a melhor?

É muito bonito, (por ser mais ou menos impensado) que a mais apelativa das filosofias esteja pronta a ser consultada, como qualquer video estúpido. A rede com ágora.

Ainda sobre as funcionalidades (,os martelos e a razão)

Sábado, Junho 30th, 2007

Butler, Samuel; EREWHON, 1872

«…
A vida, afirmam eles, seria intolerável, se os homens se guiassem pela razão em tudo quanto fizessem. A razão leva os homens a traçar linhas claras e firmes e a tudo definir por intermédio da linguagem, da linguagem que é como o sol, que primeiro faz bolhas, e depois faz cair a pele. Só os extremos resultam lógicos, mas sempre absurdos: o centro é ilógico, mas um certo ilógico é melhor que o absurdo ponteagudo das extremidades. Não existem loucuras e irracionalidades tão grandes como as que aparentemente são susceptíveis de incontestável defesa pela própria razão, nem existem erros a que as pessoas não possam ser facilmente introduzidas, se basearem a sua conduta na razão e apenas na razão. … não é necessário estimular a razão; mas com a sem-razão o caso é diferente. Ela é o complemento natural da razão, aquela que, se não existisse, tornaria a razão inexistente. Não é certo que se a razão não existisse também não existiria uma sem-razão? Portanto, poderemos dizer com inteira certeza que, quanto mais sem-razão exista, mais razão terá também de existir. Daqui vem a necessidade de desenvolver a sem-razão, nem que seja pelo interesse da própria razão. … A sem-razão é uma parte da razão; consequentemente deve-se outorgar-lhe a plena participação na consideração dos problemas.»

No capítulo XXI «Os Colégios da Sem-Razão».