III – Investimentos Imobiliários de Intervenção
i.i.i.
investimentos imobiliários de intervenção
Lisboa: 39.873* vazios urbanos ao seu dispor.
A i.i.i. – Investimentos Imobiliários de Intervenção põe ao seu dispor uma vasta gama de espaços prontos a servir os seus projectos.
Agora os seus sonhos já podem ter lugar; escolha o sítio que mais convém à sua ideia.
É fácil e é de graça!
Ver para crer!
Aproveite já esta oportunidade! Pois, esta é uma oferta limitada ao stock existente.
O nosso intuito é incentivar o vislumbre das potencialidades da cidade actual para servir o carácter colectivo das aspirações das populações. A procura do verdadeiro benefício de um uso público assume, nesta proposta, a materialidade das coisas simples.
Simples de pensar e executar.
Abrem-se velhas portas!
Na exposição de uma alternativa ao esquecimento (ocultação pública) queremos (quereremos mesmo?) requalificar as expectativas de justiça.
Dar outro sentido ao urbano; menos contentor de acontecimentos, mais vida. Uma manifestação duma vontade comum emergente da leitura do discurso de uma identidade colectiva.
Mais que o diálogo alargado (afinal é intervenção concreta que oferecemos), pretende-se que o re-revelar de desejos incite à observação do encolher de ombros (em vez do abrir dos braços). Em vez de uma resposta, espera-se o silêncio imposto pelas crenças na impossibilidade de construir com as próprias mãos. E todos têm o direito.
Porque nunca é de mais relembrar que sabemos, que cidade temos
e se os fogos devolutos são 16% dos fogos ocupados, não podemos escondê-lo. É preciso exibir essa grande parte da cidade, enorme campo de homogéneo e omnipresente vazio.
Porque quando por todo o corpo da cidade os sinais se multiplicam, até que cada ponto singular (vazio de sentido) enforma uma mancha única de carácter ribossomático (rizoma à escala do território), esta confunde-se com a própria aura de Lisboa.
É nas reticências do et cetera deste lugar (à parte dos pedaços definidos do organismo) que mora a oferta quantitativa oculta no movimento do acontecer que se toma como local de intervenção.
Na dispersão de um problema específico de sobre-urbanidade abrem-se espaços que “des-densificam” a cidade instituída e permitem potencializar a participação num ordenamento alargado. Na verdadeira apropriação física do vazio urbano, toda a cidade é de todos.
Destruir construindo! (Ou melhor, construir destruindo!)
Porque são os valores dos contextos transaccionais destes lugares que os esvaziam enquanto espaços e os tornam objectos, para, a seguir, num movimento reverso, a unidade do seu vazio pedir a actuação duma chave-mestra, objecto de salvação para a cidade.
De novo, arquitectura objecto (para um lugar sem forma definida).
De novo, o arquitecto defende a cidade, já não empenhado no desenho da muralha da fortaleza, mas actuando nela. E como Vitrúvio ocupamo-nos do desenhos das armas que defenderão a cidade.
Não expulsaremos desta República (outra vez pública) todos os poetas (não somos platónicos), …apenas, eliminamos algumas portas. (Processo de subtracção – menos é mais).
Por que é melhor o vazio de um não-projecto que a contínua manufactura da projecção de uma produção que, densificando o imaginário, o atravanca funcionalmente lançando-o no encantamento de uma deriva sem retorno à própria lógica de cidade.
O objecto final produzido (talvez uma escultura) compreende essa dupla dimensão ética. Assume-se como lápis, ferramenta para o projecto, mas torna ridículo o problema da folha em branco. O medo do vazio criativo é quebrado pela posse e manipulação da arma (aríete). Nas novas condições técnicas o cidadão-arquitecto percepciona uma realidade capaz de se abrir para a construção Da Justiça. Então o vazio torna-se imperativo ético e cabe a cada um (o mesmo é dizer a todos) decidir.
Oportunidade única!
Invista!
(na verdadeira acepção da palavra)
O vazio espera por nós!
*Dados resultantes da consulta do Estudo «Habitação e Mercado Imobiliário na AML» edição da Câmara Municipal de Lisboa – Pelouro de Licenciamento e Planeamento Urbano, 2004 (Situação em Dezembro de 2003).